terça-feira, 11 de setembro de 2012

De examinar para avaliar, um trânsito difícil, mas necessário

   Para termos resultados novos são necessários hábitos novos e isso exige novas aprendizagens e novas condições para exercitá-las.
   A transição dos hábitos de examinar par avaliar exige atenção constante. Para podermos fazer essa transição precisamos compreender: (1) as contribuições da história da educação, (2) o modelo de sociedade no qual vivemos, (3) a repetição inconsciente do que ocorreu com cada um de nós.
   Estamos aprisionados a padrões de compreensão e de conduta que vem de séculos. Dos mecanismos inquisitoriais do final da Idade Média para os mecanismos de disciplinamento através dos micropoderes, que operam silenciosamente nas instituições sociais.
   A escola é uma dessas instituições e os exames um dos recursos. Desde que foram sistematizados os exames, séc. XVI, carregam uma carga de ameaça, castigo e pressão para que os educandos estudem, aprendam e assumam condutas.O disciplinamento cria o controle aversivo.Cinco séculos é tempo bem longo para que desejemos mudá-lo, mas para mudar precisamos agir juntos, precisamos "destruir" e reconstruir um novo incorporando uma nova visão e modo de ser.
   Não é fácil abrir mão dos exames, mas eles não nos ajudam produzir resultados escolares bem -sucessidos hoje, todavia aprendemos com eles a necessidade de acompanhar nossos educandos, o que é profundamente importante para o sucesso.
   Há um segudo fator que dificulta a mudança: o modelo de sociedade excludente. Os exames são compatíveis com o modelo social burguês capitalista.
   A avaliação é democrática, inclusiva, acolhe a todos. Isso se opõe ao modelo social hierarquizado da sociedade burguesa. Agir inclusivamente numa sociedade excludente exige consciência crítica, clara, precisa e desejo político de se confrantar com esse modo de ser, que já não nos satisfaz.
   A avaliação a serviço da obtenção de resultados positivos é um ato revolucionário em relação ao modelo social vigente.
   Um terceiro fator que dificulta a passagem dos exames para avaliação é a experiência biográfica de cada um de nós.
   Fomos excessivamente examinados e então replicamos aquilo que aconteceu conosco. Aprendemos obedecer, de modo externo e aversivo e agora repetimos a prática como forma de controle. Os traumas e abusos, fixaram-se em nosso inconsciente e reproduzimos automaticamente um modo de ser.
   Educadores que desejam efetivamente atuar pedagogicamente, servindo-se dos recursos da avaliação da aprendizagem necessitam consciência clara de que estão rompendo com o modelo social excludente, com cinco séculos de história de educação e com os próprios fantasmas internos adquiridos ao longo de sua vida pessoal e escolar.
   Para transitar do ato de examinar par o ato de avaliar precisamos nos converter ( ultrapassar conceitos e modos de agir).
   Avaliar é um ato subsidiário da obtenção de resultados positivos. A avalição nos oferece recursos para diagnosticar, intervir nos resultados para que se encaminhe na direção desejada.
   O sucesso exige investimento; e o ato de avaliar dá suporte e sustentação para a busca desse sucesso. O ato de avaliar é um aliado de todos os que desejam produzir resultados satisfatórios com sua ação.
   Olhemos para nós mesmos e nossas condutas e nos esforcemos para transitar do ato de examinar para o ato de avaliar. Temos muito a fazer, mas vagarosamente deixaremos de ser examinadores para avaliadores.
   Lembremos John Hunter : " Insano é querer obter resultados novos com hábitos antigos".

                         ( Textos com base na obra Avaliação da Aprendizagem Escolar  de Cipriano Carlos Luckesi )

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Faces de um Brasil sem cara

Faces de um Brasil sem cara


Caminhando torto pelas ruas

Sinto o vento e as palmeiras

Vejo muitos rostos, diversos

Cansados, no entanto, alegres

Sorridentes de dentes amarelos

Sorrisos amarelos de dentes brancos


As variadas faces

De um Brasil sem cara

País da cara indefinida?

Ou país de todas as caras?


"Vivo no Brasil da seca"

"Vivo no Brasil da chuva"

Vejo o Brasil que chora

Vejo o Brasil que sorri


Sou brasileiro reto

Como uma linha torta

Somos Brasil tão belo

Torto por natureza


 

(Autor: Paulo Remus Gregório)



Alguns textos produzidos a partir de reflexões sobre avaliação, políticas públicas e o papel do professor. Textos que explicitam  desafios que enfrentamos na função de educar.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

TEXTO V


Nas aulas sobre o tema AVALIAÇÃO, foi muito importante a fundamentação teórica, a forma dinâmica e cativante do professor e a PRODUÇÃO do conhecimento vindo dos especializandos.

Após vinte e quatro anos de atuação na educação, não acreditava encontrar novas maneiras de trabalhar, discutir e abordar o assunto: Avaliação.

No entanto, me surpreendi. Tive a grata satisfação de não achar maçante e repetitivo um tema tão antigo e discutido como a avaliação.

A contextualização, os exemplos assentados às nossas práticas, a comicidade e a energia passadas pelo professor me fez perceber que “muito é possível”.

É possível que cada um de nós saiamos daqui MELHORES, e aí o professor conseguiu realmente trabalhar a AVALIAÇÃO. A AVALIAÇÃO no sentido mais profundo e amplo.

Pois a AVALIAÇÃO deve nos auxiliar na busca de uma vida melhor, mais rica e plena.

Essa disciplina CONSEGUIU colocar na prática a teoria de que os instrumentos de avaliação não precisam ser ameaçadores, controladores e num clima pesaroso. Foram, na verdade, momentos ricos, com relações dialógicas, com espaços para negociação , foram momentos acolhedores amorosos e leves.

Fui contemplada em minhas expectativas, fui agraciada com muito mais.











TEXTO IV


As escolas brasileiras a partir das décadas de 80 e 90 iniciaram um processo de inovação tecnológica. Não foi cedo, com certeza. Os computadores, já estavam em redes de lojas, supermercados, empresas de grande e médio porte e até em alguns órgãos públicos. As eleições em nosso país já eram feitas em urnas eletrônicas. Logo, as escolas já “corriam atrás” da máquina. De lá para cá, na sociedade e entre nossos alunos, houve um avanço significativo do acesso a esses recursos, e, finalmente chegou até nós. Embora tenhamos sobrecarga de trabalho, “rejeição” ao novo, medo do desconhecido, precisamos ultrapassar esses limites. Se reconhecermos nos alunos, sujeitos capazes e conhecedores de informações diferentes das nossas, podemos fazer trocas. Assim teremos alunos e professores “apaixonados”, pois o conhecimento será partilhado, e todos sairão ganhando. Além de termos essa abertura para aprender com eles, precisamos buscar qualificação nestas áreas. Todos os profissionais, de diferentes setores, têm desafios para continuarem sendo úteis em suas funções. O mesmo ocorre com o profissional da educação. Há cursos de todo tipo e valor, com muitos horários disponíveis. Creio que o primeiro passo é buscar, sair do comodismo. A escola que trabalhamos dispõe de site, e dá acesso a internet. Alguns projetos que desenvolvemos na U.E, foram disponibilizados. Colocamos textos, fotos, atividades desenvolvidas em sala de aula. Não é o suficiente, mas um começo. Precisamos, eu, meus alunos, meus colegas, querer sempre mais. Ou fazemos isso, ou corremos o risco de nos auto-excluirmos. Professores que não se benificiam das novas tecnologias para qualificar seu trabalho, terão menos resultados, formarão analfabetos digitais, para um mundo globalizado e com tecnologia de ponta.

Muitos seres humanos são excluídos deste processo, por situações sócio-econômicas, mas não usemos isso como uma desculpa para continuarmos ignorando àqueles que conhecem muito e que poderiam, inclusive contribuir com o grupo.

TEXTO III


A função do professor hoje está muito“confusa”. Ele acaba assumindo o papel de psicólogos, enfermeiros, e pais.

Creio que ao recebermos em nossas salas de aula, crianças, adolescentes, jovens ou adultos, não esquecemos de vê-los de forma “global”, no entanto, acabamos, algumas vezes, nos eximindo de uma função que é só nossa, que é a de educar.

E como EDUCAR, pressupomos, é CRIAR, esta função exige muito de nós. Assim, para que nosso aluno possa CRIAR, também precisa estar bem psico e fisiologicamente. Então ficamos num dilema: Educo ou dou assistência? Não temos alternativa, precisamos fazer os dois. No entanto, sabemos que o nosso aluno vive e vem de um grupo social, e que esse grupo faz parte de uma sociedade, e que esta sociedade faz parte da “aldeia Global”, que tem uma estrutura, e que atuamos numa certa conjuntura.

Portanto, não vejo como solucionar o dilema de assumirmos múltiplas funções, a não ser nos engajando e envolvendo os alunos na discussão POLÍTICA. Ou combatemos as causas desse nosso dilema, ou acharemos sempre algum culpado por não podermos EDUCAR.

Creio que assim o professor também conseguirá sentir-se agente. Diminuirá essa sensação de “apatia” e “pessimismo”, queremos que todos os envolvidos no processo educativo, vejam na educação uma possibilidade de construção de novas estruturas, de novas relações sociais, novos valores...

Ao mesmo tempo que é um trabalho complexo, amplo, com resultados a longo prazo, só nossa ação cotidiana, responsável em sala de aula, nos garantirá isso. Eu sou um EDUCADOR, e preciso fazer a minha parte.

Tomando o educando como o “fim” do nosso trabalho, precisamos lembrar que é ele então que dá sentido a nossa ação pedagógica em sala de aula. Nosso trabalho então, deve responder as expectativas dos alunos, da comunidade em que está inserido e não as expectativas dos órgãos governamentais, dos ditames neoliberais e das estruturas que nos oprimem.

Não nos posicionarmos, não assumirmos nossa função, acharmos que a mudança ocorre no MACRO, sem partirmos do MICRO, se não é comodismo é ignorância.

Trabalhemos por àqueles que são o motivo de nossa existência: os alunos.

TEXTO II



Que tipo de políticas públicas devem ser adotadas para redução da pobreza?

Políticas a princípio emergenciais, pois a fome não espera. No entanto, o paternalismo e o assistencialismo não reduzem a causa da pobreza. Precisamos então políticas públicas que rompam com modelos e paradigmas vigentes nas sociedades capitalistas, neoliberais. Sabemos que esse avanço não se faz repentinamente, mas passa desde a “caneta na mão de um presidente” até minha ação-aula em sala, com meus alunos. A ação de cada um, responsável, dedicada e confiante de que é possível MUDAR, fazer melhor.

A escola só pode fazer essa intervenção quando assumir um papel emancipador, e não apenas reprodutor. Se não buscamos no conhecimento elementos para nos ajudar a superar o que faz sofrer, o que nos oprime, então o conhecimento que acreditamos estarem também na escola apenas nos acomodará na realidade e nem nos reconheceremos como classe, muito menos como sujeitos que podem construir sua história.

Só uma escola que faz na prática a DEMOCRACIA, cria formas de participação dos alunos, pais e professores é que promove mudanças sociais. Quando a comunidade decide os caminhos da unidade escolar, pode pensar em decidir os da nação. Assim educação precisa ser um instrumento de “fomentalização” desta luta. Então educadores, educandos e comunidade escolar, podem construir relações mais justas.

Preciso também da escola para me apropriar dos conhecimentos produzidos historicamente, pois como poderemos construir “o novo” sem ter domínio do velho? Logo, a escola é fundamental num processo de superação de um modelo estrutural calcado na estratificação social.

A inclusão é possível?

A inclusão é possível, mas não com os valores, com as prioridades e políticas estabelecidas hoje no mundo.

Desmontamos nossas “verdades” e reconstruímos novas formas de ver o homem, as sociedades e o planeta ou corremos o risco de não nos incluirmos no planeta.

Portanto, a inclusão passa pela aceitação do diferente em minha sala de aula, mas passa pela idéia ampla de reorganização da vida.

Enquanto professor, preciso ver em que quero me “incluir” e incluir os “outros”, num sistema que esvai as forças e enfraquece a harmonia global, ou num sistema que enfatiza o equilíbrio e vê o homem como mais um elemento da natureza?

Para que lado iremos, dependerá do engajamento e embate de cada um de nós nestes blocos de forças.

TEXTO I




A escola é um espaço coletivo que reúne educando, educador e comunidade. Esses atores é que podem significar os conhecimentos que aí serão trabalhados. Podem construir juntos uma escola que nos coloca como sujeitos que escrevem suas histórias ou como expectadores que lamentam as derrotas.

Se nos colocarmos como personagens principais e não apenas coadjuvantes precisamos estar abertos às mudanças, precisamos lançar olhares diferentes para nossos alunos, nossos pais, nossos colegas, nós mesmos.

Se nos concentrarmos no “leite derramado”, nas limitações, teremos nossa força adormecida, não daremos real significado à existência, perderemos a paixão pela vida e a certeza do amanhã.

Como profissional da educação temos que “querer” essa mudança para o novo. Precisamos nos colocar como agentes ativos e importantes, só assim teremos uma escola que forme para o progresso e não para a miséria, forme para a vida e não para a morte, para a perseverança e não para o desespero.

Nossas escolas e nossos profissionais têm “vontade”. Creio que importante é acreditar que se hoje nem tudo é possível concretizar na sala de aula, alguns passos “precisamos” dar.


O professor é um ator fundamental no contexto escolar. È ele que operacionaliza as concepções teóricas metodológicas, nas quais acreditamos e colocamos nos projetos políticos pedagógicos...

Assim nos colocamos como um colaborador para a formação do educando “novo”, para essa “realidade nova”, onde os sonhos precisam virar ações e o saber nos tornar mais inteligentes e bons.

Enfocar a vida no nosso PPP e no nosso currículo escolar é levar em conta o meu próximo, a sobrevivência no planeta, educar para a essência.

Assim, a auto avaliação de todos os segmentos da comunidade escolar é importante, pois é a ação/reflexão e reflexão/ação, que nos possibilitará planejamentos com conteúdos significativos e relevantes.

Preciso então acreditar na minha importância, na importância do meu aluno, da minha comunidade, pois é daí que vem o essencial do meu fazer pedagógico.

É preciso dar o meu melhor e descobrir formas de também conseguir isso dos meus alunos, colegas e pais.

Comecemos nos desafiando na revisão e estudo do PPP e do Currículo Escolar.